O preenchimento labial com ácido hialurônico é uma das intervenções estéticas mais procuradas, dada sua habilidade em aumentar o volume dos lábios, corrigir assimetrias e redefinir o contorno de maneira natural e personalizada. Conhecer a anatomia labial, técnicas de preenchimento, contraindicações e limitações do procedimento é fundamental. Além disso, o conhecimento sobre a anatomia vascular é essencial para evitar complicações graves, como oclusões vasculares.
Anatomia Labial e Vascular
Os lábios são constituídos por várias camadas: pele, músculos, gordura subcutânea e mucosas, acompanhadas por uma rica rede vascular. Entender essas estruturas é vital para um procedimento seguro.
Principais Estruturas Labiais
1. Vermelhão Labial: A porção visível dos lábios, composta por pele fina e mucosa.
2. Arco do Cupido: A forma em "V" no lábio superior, essencial para a estética labial.
3. Comissuras Labiais: Cantos da boca, suscetíveis a alterações com a idade.
4. Filtro Labial: Sulcos verticais entre o nariz e o lábio superior, que podem ser realçados durante o preenchimento.
Rede Vascular Labial
A vascularização labial é composta por artérias e veias que, se danificadas, podem causar sérias complicações. As principais artérias a serem consideradas são:
* Artéria Labial Superior e Inferior: Ramificações da artéria facial responsáveis pelo suprimento sanguíneo dos lábios.
* Artéria Facial: Corre lateralmente ao longo da mandíbula e é a principal artéria que irriga os lábios.
* Artéria Angular: Situada próxima ao nariz, conectada à artéria facial.
Conhecer o trajeto dessas artérias é crucial para evitar complicações vasculares como a necrose dos tecidos.
Técnicas de Preenchimento Labial: Agulhas e Cânulas
O preenchimento labial pode ser feito com agulhas ou microcânulas, cada método com indicações específicas, dependendo da anatomia labial, queixas do paciente e resultados desejados.
Técnicas Usadas com Agulha
O uso de agulhas permite um controle detalhado do volume e definição, com técnicas como:
1. Técnica Linear (conhecida popularmente como "Técnica de Contorno"): O produto é injetado ao longo do contorno dos lábios para definição e suavização de rugas.
2. Técnica de Bolus (conhecida como "Pontos de Volume"): Pequenas quantidades de ácido hialurônico são injetadas em áreas específicas para aumento de volume discreto.
3. Técnica Tentpole (popularmente chamada "Projeção Vertical"): A agulha é inserida verticalmente para criar pilares de sustentação, usadas principalmente para projetar o lábio superior.
4. Técnica Russian Lips (conhecida tecnicamente como "Microdepósitos Verticais"): Várias injeções verticais criam lábios mais planos e com maior definição no arco do cupido.
Técnicas Usadas com Microcânula
A microcânula é uma agulha flexível usada para distribuír o produto de maneira uniforme:
1. Técnica Retroinjeção (conhecida como "Preenchimento Homogêneo"): A cânula libera ácido hialurônico enquanto é retirada, preenchendo áreas maiores de forma homogênea.
2. Técnica de Fanning (popularmente chamada de "Técnica em Leque"): A cânula é movimentada em várias direções para espalhar o produto uniformemente, ideal para correção de assimetrias.
3. Técnica Linear Retrograda (conhecida como "Preenchimento Linear"): A cânula é movida de forma linear, distribuindo o preenchedor de modo equilibrado.
Avaliação do Tipo de Lábios e Técnicas Indicadas
Cada tipo de lábio demanda uma abordagem particular:
1. Lábios Finos: A Técnica de Bolus oferece volume discreto, enquanto a Retroinjeção proporciona um aumento natural.
2. Lábios Assimétricos: A Técnica de Fanning corrige assimetrias de maneira uniforme.
3. Lábios Envelhecidos: A Técnica Linear Retrograda rejuvenesce e devolve volume e hidratação.
4. Lábios Volumosos: A Técnica de Fanning redefine o contorno sem aumentar significativamente o volume.
Escolha do Material e Quantidade de Ácido Hialurônico
A seleção do ácido hialurônico depende da densidade do produto e das necessidades do paciente:
* Ácidos hialurônicos de baixa densidade: Indicados para hidratação e preenchimentos sutis.
* Ácidos hialurônicos de alta densidade: Usados para dar mais estrutura e volume.
A quantidade geralmente varia de 1 ml a 2 ml, dependendo do volume desejado e da anatomia do paciente.
Cuidados Pós-Procedimento
Após o procedimento, cuidados essenciais incluem:
* Evitar calor, sol e atividades intensas por 48 horas.
* Aplicar compressas frias para reduzir o inchaço.
* Manter os lábios hidratados.
* Evitar massagear ou pressionar a área tratada.
O inchaço inicial geralmente reduz em até uma semana, quando o resultado final se torna mais aparente.
Contraindicações do Preenchimento Labial
O preenchimento não é recomendado em casos de:
* Gravidez e amamentação.
* Infecções ativas.
* Doenças autoimunes.
* Alergia aos componentes do preenchedor.
* Uso de anticoagulantes.
Queixas que Não Podem Ser Resolvidas com Preenchimento Labial
Algumas queixas não são resolvidas com preenchimento labial, como:
* Sorriso Gengival: Requer toxina botulínica ou cirurgia ortognática.
* Flacidez Excessiva: Pode exigir lifting facial.
* Problemas Funcionais de Mordida ou desvios de rima: Precisam de ortodontia, cirurgia e tratamento com fonoaudiólogo.
* Cicatrizes Profundas: Podem necessitar de tratamentos como laser ou cirurgia.
Conclusão
O preenchimento labial com ácido hialurônico é uma solução eficaz para melhorar volume, contorno e simetria dos lábios. A escolha das técnicas e volume do produto deve ser feita após avaliação personalizada. É importante estar ciente das contraindicações e limitações, consultando sempre um profissional qualificado para obter os melhores resultados.
Referências bibliográficas Carruthers, A., Carruthers, J., & Monheit, G. (2010). Soft Tissue Augmentation: Procedures in Cosmetic Dermatology Series. Elsevier Health Sciences.
Lowe, N. J. (2007). Textbook of Facial Rejuvenation: The Art of Minimally Invasive Combination Therapy. Taylor & Francis.
Shaw, R. B., & Katzel, E. B. (2011). Aging of the Perioral Region: A Hallmark of “Micro-Aesthetic” Facial Rejuvenation. Plastic and Reconstructive Surgery, 127(2), 657-664.
Rzany, B., & Zielke, H. (2012). Safety of Hyaluronic Acid Fillers. Journal of Drugs in Dermatology, 11(9), 1053-1058.
Lemperle, G., Rullan, P. P., & Gauthier-Hazan, N. (2003). Avoiding and Treating Dermal Filler Complications. Plastic and Reconstructive Surgery, 112(7), 290-299.
Funt, D., & Pavicic, T. (2013). Dermal Fillers in Aesthetics: An Overview of Adverse Events and Treatment Approaches. Plastic Surgery International, 2013. Por Dr Jefferson Nunez CROSP138207 Especialista Pós Graduado em Harmonização Orofacial Graduando em Biomedicina e Nutrição
